20100225

Esquizo

ESQUIZO
Esvazio-me de mim mesma
enquanto vislumbro um pueril semblante:
desfigurado, distorcido, rebelado,
refletido numa garrafa de qualquer veneno.

Combalida, percebo-me indiferente.
Então percorro, lentamente, as sendas mentais.
Mas, oh! São tão débeis e vagas, tais cenas!

Admiráveis imagens, repletas de atitude e estupor,
agora tornam-se aliadas aos meus sentidos.

Mas, oh! Sou tão bela ante meus ais!
Alívio? Um punhal acompanha-me, lado a lado,
e reflito-me nele, a banir a gentil dor.

Desesperadamente, transformo-me em espelho.
Narciso afogou-se perante sua leda juventude!

Mas, oh! Retorno, agora, ao Inferno de Dante,
espelhada em mim mesma.

20100223

Leda Quintessência (Testemunho)

Teu sangue é meu vinho; tua alma, meu impulso vital.
Nossa embriaguez é sagrada e seu nome é Amor.

A Rosa Doente


A ROSA DOENTE
Oh, Rosa, estás doente!

O verme que se aventa
Invisível à noite
Nos uivos da tormenta

Encontrou o teu leito
De prazer carmesim;
E seu escuro amor secreto
À tua vida põe fim.

(William Blake)

20100212

Bardot, Birkin e Hardy


"Harley-Davidson" (Brigitte Bardot - 1968)

http://www.youtube.com/watch?v=0GZkY0TdSFU

"Comment Lui Dire Adieu" (Jane Birkin & Françoise Hardy - 1976)

Natureza Morta

Findava o dia. Pela fresta da ventana, visitara-me um incomum frescor - eis que anunciava-se a chuva. O sol inda cintilava entre as nuvens; apesar disso, manifestava em seu semblante a rebeldia da tempestade.
Logo, pude ouvir um agudo sussurro vindo do jardim. Era uma bela - mas muito frágil - rosa, prestes a despetalar-se de pavor, prestes a fenecer ante o porvir do temporal.
Não hesitei, e, depressa, acolhi-a ternamente.
Com a pequenina entre meus finos dedos, disse-lhe que nenhum mal haveria de nos acometer. Seu corpinho estremecia; mas ela suspirava, aliviada, ao mesmo tempo. Meneou, então, suas róseas pétalas com um nobre gesto de reverência - misteriosa gratidão.
Agora eu já hesitava e ponderava: "Teria eu o direito de tirar-lhe a seiva? Ou de sufocar-lhe com uma redoma de vidro?"
Falei-lhe novamente, bem baixinho, e ela assentiu.
Já era noite, pois. Não mais que de repente, percebi que a minha linda flor empalidecera. Era o seu último sopro de vida. Já estava ressequida.
Com profundo luto, colhi-a. Minhas lágrimas, que agora vinham com as águas do céu, desfolharam-na. E, com carinho, lancei à terra suas pétalas. Suspirei profundamente a contemplar aquela beleza morta. Disse-lhe adeus e fechei a janela.

20100210

Il Y A Deux Filles En Moi



Sylvie Vartan & Françoise Hardy - 1968.

20100209

E mais!

Quem aqui adentra com sua atenta bisbilhotice é retribuído com um segredo revelado.
Confissões, ó pequenos procuradores-gerais!
Vampiros de araque, aguardem!
Paciência.

20100208

Bastardos!

A petardear, eis que a psicodélica Feérica Fuzilêra brada aos barbudos bardos: "ADSUMUS, CRIANÇAS!"

E, finalmente, ergue o terceiro dedo de uma das mãos - pois a outra já se encarrega de empunhar o fuzil.
Ironicamente (romanticamente, quem sabe?), soergue uma rosa que encontrara em meio àquele deserto. E quanto ao fuzil... Ah, meus caros amigos, permanece em riste. Sempre!

Com muito louvor,
AMÉM!

20100204

À tua morte, Anna!

Por que a insistência, Anna?
Qual é a tua razão de existir?

Existir-insistir.
Insistir-existir.
E sumir.

(CON)SOME-TE, JÁ!